sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Música

Coral de Santa Catarina pretende ser projecto de futuro


Criado em 2002 em Castelo Branco, o Grupo Coral de Santa Catarina tem solidificado a sua existência e crescido no universo musical faialense. Com os olhos postos no futuro, o Grupo tem vários projectos que já começou a pôr em prática, como uma Orquestra e um Coro Juvenil. Com o mês da música a chegar ao fim, fomos conversar com o Padre Marco Luciano Carvalho, responsável pela direcção musical do Coral de Santa Catarina.




O projecto Outubro em Música levou o Coral de Santa Catarina a várias Igrejas do Faial ao longo deste mês. O grupo já actuou nos Cedros e no Capelo, e estará na noite de amanhã, a partir das 20h30, na Igreja da Feteira. O objectivo, como referiu Marco Luciano, é “descentralizar o sítio onde habitualmente se faz este tipo de música”, não limitando a oferta cultural à cidade. Até agora, os resultados têm sido positivos, com o Coral a colher uma “receptividade interessante” junto da população, de acordo com aquele responsável.

Em Junho passado, o Coral deslocou-se à Terceira, participando na Celebração das Ordenações, que decorreu durante as Sanjoaninas. Segundo Marco Luciano, o facto de Angra estar em festa “atraiu muita gente à Igreja da Sé”, e o feedback da actuação do Coral faialense foi bastante positivo, o que “mostrou o trabalho que tem sido desenvolvido bem como o potencial que o Coro tem”, explica.

Actualmente com 55 elementos, o Coral de Santa Catarina tem já um considerável percurso atrás de si, apesar da sua criação remontar apenas a 2002, quando, nas palavras de Marco Luciano, o grupo “começou do zero”: “fizemos todo o trabalho de preparação, e as pessoas não estavam habituadas a este tipo de música, mais erudita. Começámos por programas mais acessíveis. Em 2004 houve a oficialização do Coro como instituição cultural, o que nos permitiu pensar num trabalho mais a sério”, explica.

Actualmente, a aposta está na formação, para aprimorar a qualidade do conjunto vocal, o que requer um trabalho árduo de todos os elementos. O Coro divide-se em quatro naipes: sopranos e contraltos nas vozes femininas e tenores e baixos nas masculinas. Marco explica que foram constituídos monitores para cada naipe, para que estes tenham um ensaio semanal separados do resto do conjunto. A este junta-se todas as semanas um ensaio de conjunto, orientado por Marco Luciano, altura em que os elementos do Coral têm também formação vocal, orientados pela professora Sónia Machado, do Conservatório Regional da Horta. Marco considera precioso o auxílio de Sónia Machado, e vê como muito importante esta vertente formativa, pois “o coro atingiu um patamar em que importa formar as pessoas ao nível da técnica vocal”. No fundo, são três ensaios semanais, o que não é fácil, como confessa Marco, No entanto os elementos do Coral – que são em grande parte bastante jovens – aderem com afinco, e o responsável orgulha-se da assiduidade do grupo.

O acompanhamento do professor Vlodimir é outro auxílio valioso para Marco: “como músico profissional tem uma palavra muito importante, e dá-nos bons conselhos”, explica.


Subir a fasquia e diversificar

Neste momento o Coral de Santa Catarina dispõe também de uma Orquestra com 16 elementos, que já acompanhou inclusive o grupo à Terceira.

Segundo Marco, a orquestra nasce da “necessidade de interpretar certos temas que precisavam de acompanhamento musical, como é o caso da Missa Pro Pace, de Daniele Carnevali”. Nesse sentido a Orquestra foi constituída não só com elementos já pertencentes ao Coral mas também com outros músicos, vindos da Filarmónica Euterpe de Castelo Branco e também da União Faialense e da Nova Artista Flamenguense. Alguns destes músicos estão dispostos a ter uma colaboração permanente com o Coro, de tal forma que a Orquestra do Coral de Santa Catarina se pode assumir como mais uma valência desta instituição. Isto vai ao encontro do objectivo de crescer na qualidade, que Marco entende nortear o grupo.

Outra valência de que o Coral passará a dispor é um Coro Infantil, que será apresentado ao público numa primeira experiência no Concerto de Natal. Neste concerto, o grupo infantil actuará em conjunto com o Coral, mas Marco frisa que o projecto não se destina apenas a esse momento, mas sim a garantir a continuidade. “Queremos que os mais novos se formem desde pequeninos para bem cantar, porque o Coral tem de ter escola, já que se assume como projecto de futuro”, explica. A criação do coro infantil no seio da instituição é, precisamente, “a preparação do futuro, para que depois eles transitem para o coro adulto”, refere. Este coro deverá ter entre 10 e 15 elementos, já que a preocupação é a formação, e a fasquia da qualidade não pára de subir. A este respeito, Marco lembra a velha máxima que diz que quantidade não é sinónimo de qualidade, e o Coral de Santa Catarina deve reger-se pela segunda e não pela primeira, apesar do seu grande número de elementos.

Actualmente o grupo ensaia no Centro Paroquial de Castelo Branco, mas ficou satisfeito como facto da Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de Castelo Branco terem expresso intenção de criar uma estrutura que albergue o Coral de Santa Catarina e a Filarmónica da freguesia.

Marco entende que esta intenção mostra que o Coral é “reconhecido a nível ilha, e que as instituições apostam em valorizar cada vez mais este projecto, que se tornou num grande barco”.

Segundo o responsável, a Paróquia de Castelo Branco tem acolhido muito bem o Coral, no entanto este tem vontade de ter casa própria, já que necessita de uma sala de ensaios adequada, e dispõe já de um instrumental considerável, no que diz respeito à Orquestra.

Neste momento, as atenções do Coral de Santa Catarina centram-se na preparação do Concerto de Natal que, segundo Marco, terá acompanhamento de Orquestra Ligeira para as peças a serem executadas, que incluirão temas conhecidos alusivos à quadra natalícia.

A escolha do repertório do Coral de Santa Catarina é sempre feita com a preocupação não só de “fazer crescer” o grupo, mas também de “criar um aspecto novo para reflectir” o trabalho feito. “Procuramos agir de forma diferente nos vários concertos, ora com acompanhamento instrumental, ora com acompanhamento de órgão, ora só executando à capela...”, explica Marco. O objectivo é que o público possa sempre esperar algo novo do Coral.

No Natal o Coral de Santa Catarina será acompanhado pela Orquestra e pelo Coro Infantil, e deverá actuar em pelo menos três freguesias diferentes, mantendo a lógica de descentralizar a música da cidade.

Apesar de neste momento o trabalho estar centrado na quadra natalícia, o Coral tem já planos para a temporada de Verão, e 2010 traz objectivos ambiciosos: “estamos a pensar numa digressão a São Miguel”, revela Marco, afirmando que existem já alguns contactos feitos nesse sentido. Para essa ocasião o Coral espera ser capaz de apresentar não apenas música sacra ou erudita, mas também alguns temas da música popular portuguesa, criando um repertório eclético, aliado às várias valências que o Coral já apresenta, fazendo dele uma instituição musical com um estilo variado, não muito comum no arquipélago. Ser uma alternativa ao que já existe na ilha e na Região é, precisamente, um dos objectivos do Coral. “Não nos importa fazer as mesmas coisas. Temos evoluído, caminhado para repertórios mais exigentes, o que nos permite pensar que temos de estar sempre a antecipar e a levantar a fasquia”, explica Marco, que entende que “seria uma visão muito redutora ter apenas um programa ou um repertório e repeti-lo sempre em todos os eventos”.

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