Alexandre Martins de Carvalho, candidato do CDS-PP à Câmara Municipal da Horta
“Nos últimos 20 anos o Faial adormeceu”
Alexandre Martins de Carvalho, independente, tem 52 anos e é advogado, e aceitou ser o rosto do CDS-PP na corrida à Câmara Municipal da Horta.
Natural do Continente, vive no Faial há 20 anos e entende que é capaz de lutar pelo desenvolvimento da ilha, razão pela qual diz ter abraçado este projecto.
Estivemos à conversa com o candidato, que falou dos motivos da sua candidatura, e dos projectos dos populares para o Faial. Martins de Carvalho não hesita em considerar que o Faial “adormeceu” e que é urgente mudar. O candidato defende uma autarquia capaz de apoiar o investimento privado na ilha e com capacidade reivindicativa junto do Governo Regional.
O que é que o motivou a abraçar esta candidatura ao lado do CDS à CMH?
Em tempos pensou-se fazer uma lista independente, sem qualquer tipo de apoio partidário. No entanto, esse grupo de pessoas desinteressou-se, mas o CDS-PP endereçou-me o convite e, uma vez que já tinha concorrido com o partido à Assembleia Legislativa Regional, aceitei. Acho que o CDS tem um projecto interessante, enquadro-me na sua política e partilho de muitas das suas opiniões. É dos poucos partidos com coerência entre o que defende e o que faz e defende quem trabalha. Tanto defende os trabalhadores como os empresários, e neste país quem trabalha e paga impostos é desprezado.
Em relação ao Faial, que propostas quer trazer à discussão pública nesta campanha?
O motor de desenvolvimento de qualquer autarquia é a sua Câmara Municipal. Nos últimos 20 anos o Faial adormeceu; regrediu. Não há investimento privado, e o que há é da responsabilidade de empresas do exterior, como é o caso do Modelo, por exemplo. Os dividendos desses investimentos não ficam cá, não são investidos na nossa terra. Assim, não se criam mais postos de trabalho nem mais riqueza. A Horta, ao contrário de muitas localidades que vão evoluindo de aldeias para vilas e de vilas para cidades, está a regredir de cidade para vila.
E como acha que a autarquia pode incentivar os empresários locais a investir?
Uma das possibilidades é a recuperação do parque habitacional da Horta. Há programas comunitários ao dispor de qualquer cidade. Lisboa, por exemplo, vai recuperar a sua zona ribeirinha ao abrigo de um programa chamado Pólis. É importante também para a Horta recuperar o seu parque habitacional, jardinar os seus espaços verdes, recuperar zonas degradadas… Há programas específicos para a reabilitação urbana a que as câmaras se podem candidatar, e a Horta não os aproveita. Estas pequenas obras beneficiam a autarquia e as pessoas. Necessitam de muita mão-de-obra, o que representa uma oportunidade para os construtores locais, e a autarquia deve pensar sempre primeiro no empresário local, no empreiteiro local; na gente da terra, porque dessa forma criamos emprego, riqueza e bem-estar. Não nos devemos esquecer dos elevados níveis de desemprego da Região.
Defendo também um turismo de silêncio; do bem-estar, que se aplicaria muito bem ao Faial. Temos condições ambientais óptimas, não temos problemas de poluição sonora… Com este tipo de turismo as pessoas que precisam de sossego para reflectir, para preparar teses de doutoramento, para preparar os seus livros, podem vir aqui e aproveitar o facto do Faial ser um local privilegiado para isso.
Gostaria também de falar do parque de estacionamento recentemente criado na Avenida. A Câmara Municipal, com os meios de que dispõe, não foi capaz de ser ela própria a fazer aquela simples marcação de lugares de estacionamento, que foi feita por uma empresa privada. Mas o que importa aqui é que estamos a falar do centro da cidade, por onde passa a maioria dos turistas, onde não se justifica que encontrem um parque daquela natureza. Se tivermos a possibilidade de vencer, no dia seguinte não estaciona ali mais carro nenhum. Aquela zona deve ser requalificada para voltar a ser um jardim, onde as pessoas possam passear, as crianças possam brincar…
Mas o que é certo é que a Horta tem sérios problemas de estacionamento…
Não tem. O que há é falta de organização.
Uma das coisas que pode melhorar a situação é a existência de parquímetros, que já tivemos mas não deu resultado, o que não pode ser, pois este é um sistema que existe em qualquer lugar do mundo, por isso também tem de resultar aqui. Penso que houve desleixo na sua manutenção.
Além disso, há a possibilidade de se adquirirem terrenos próximos do centro da cidade parar criar estacionamento.
Estamos numa fase de mudança no Faial. Quais os investimentos que considera prioritários?
Não nos podemos esquecer de que a obra do Porto não é da Câmara Municipal, mas sim do Governo, apesar de algumas pessoas quererem confundir os eleitores. A obra do Porto vai ser muito relevante, mas não é camarária. No que diz respeito à Câmara Municipal, a obra mais urgente será o Saneamento Básico, que já devia ter sido feito há 15 anos. No entanto alguém do PS entendia que não valia a pena ser executada esta obra, pois como era subterrânea não dava votos. Como tal, nunca avançou. Na altura era possível obter financiamento para 80% da obra, mas neste momento a autarquia tem de arcar com a totalidade dos encargos, e que quem vai pagar é os munícipes, ou seja, perdeu-se uma boa oportunidade.
Além disso, a partir do momento em que o Saneamento Básico esteja a funcionar, mesmo as pessoas que têm as suas fossas e não utilizam o serviço terão de pagar as taxas a ele inerentes.
Entende que só quem esteja ligado ao Saneamento Básico deve pagar a taxa?
Sim, mas em outras localidades o que tem acontecido é que todos têm sido obrigados a pagar, e é isso que vai acontecer aqui.
Apesar de algumas obras estruturantes para o Faial serem da responsabilidade do Governo Regional e não da autarquia, não considera que esta deve ter um papel activo no seu desenvolvimento, impulsionando a sua concretização da forma possível?
O motor de desenvolvimento da localidade é a própria Câmara Municipal. O PS já está há muitos anos no Governo e também na Câmara da Horta. Esta não pode desculpar-se por não ter obtido o desenvolvimento pretendido por o Governo ser de outra cor política, porque isso não aconteceu. Além disso o presidente da Câmara deve ser mais reivindicativo quando se trata de lutar por obras importantes para a ilha.
Considera então que, quanto a questões como a ampliação da pista do Aeroporto ou a construção do Estádio Mário Lino, a autarquia devia ter sido mais reivindicativa junto do Governo Regional?
Evidentemente que sim, não só a autarquia mas também outras organizações que defendam os interesses do Faial, como a Câmara do Comércio, por exemplo, e toda a população.
Carlos César disse mais do uma vez que se a ANA não fizesse a ampliação da pista o Governo Regional a faria, por isso o Faial deveria ter sido mais reivindicativo neste ponto. A ilha tem, aliás, vindo a perder a sua capacidade reivindicativa no contexto regional.
Se olharmos para Ponta Delgada há 20 anos, era uma cidade menos desenvolvida que a Horta. Hoje passa-se o contrário.
Como vai ser a campanha do CDS-PP?
A nossa campanha é um pouco diferente da dos outros, pois não temos a estrutura que têm o PS, o PSD ou a CDU. Vamos fazer campanha porta a porta, percorrendo as freguesias, e tentar convencer as pessoas de que é necessário mudar a Câmara Municipal; é necessário termos gente que defenda os faialenses e traga mais confiança à Horta. As pessoas não podem estar impávidas, sem se preocuparem com o futuro desta terra.
Está preocupado com a abstenção?
Estou. Penso que as pessoas não devem perder a oportunidade de votar pois, se não o fizerem, estão a aceitar a actual situação que vivemos e que é muito preocupante. As pessoas não se apercebem dos graves problemas da ilha: por exemplo, o Faial tem uma dívida à banca infernal.
Temos de lutar todos juntos para que o Faial melhore e quem não for votar está a acomodar-se. Temos de arregaçar as mangas, ir à luta, trabalhar, investir e ajudar-nos uns aos outros para vencermos.
Todas as pessoas devem votar em quem bem entendem. Se acharem por bem o CDS-PP, melhor, porque tenho a certeza que saberei defendê-los de alma e coração, garanto que não cruzo os braços na defesa dos interesses da nossa terra.
É preciso também que as pessoas não tenham medo de reivindicar, nem de se esporem ao lado de um partido que não é o que governa. Muitos não o fazem com medo de serem castigados ou marginalizados, o que eu considero que, de facto, acontece no Faial.
Quais as expectativas do CDS-PP no Faial?
Estas eleições são das mais interessantes dos últimos anos no Faial. Todos os partidos apresentam bons candidatos, e os faialenses devem escolher os que entendem ser mais capazes. No caso do José Decq Mota e do João Castro, já vimos aquilo que foram no passado, e não me parece que vão agora fazer uma política diferente para o futuro. Isto merece uma profunda reflexão. Os outros candidatos, penso que na sua vida privada deram provas suficientes do que são capazes. Penso que poderão trazer outro desenvolvimento ao Faial.
O CDS tem subido de eleição a eleição em todo o país, e pensamos que seria bom para os faialenses sermos eleitos em primeiro lugar. Vai ser difícil, mas não tenho dúvidas de que seria bom para o Faial termos pelo menos um vereador e um ou dois deputados municipais. Sabemos que as possibilidades são difíceis, porque muita gente ainda vota na cor partidária e não na pessoa. Penso que posso dar muito por esta terra, de que gosto muito, e tenho disponibilidade para me dedicar a ela. Gostaria que estivesse mais desenvolvida e criasse mais riqueza.
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