sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Legislativas 2009

Sócrates ganha e perde na mesma noite

PS vence as eleições, mas perde mais de meio milhão de votos e a maioria absoluta


A noite eleitoral de domingo deu a vitória ao PS, com 36,56% dos votos. José Sócrates conseguiu assim a ambicionada reeleição, situação pouco comum na tradição política do país, no entanto esperam-no tempos difíceis, já que perdeu a maioria absoluta na Assembleia da República e terá por isso de procurar hipóteses de coligação, ou então enfrentar uma governação conturbada, em tempos que se prevêem difíceis tendo em conta a situação económica do país e do mundo. O PS perdeu 24 deputados em relação a 2004, ficando-se agora pelos 96.

Os social-democratas ficaram-se pelos 29,09% dos votos, com um ténue aumento em relação às últimas legislativas, que no entanto não foi suficiente para derrotar os socialistas. Manuela Ferreira Leite sofre assim uma dura derrota enquanto líder do PSD, depois de em Junho o partido ter vencido as europeias em Portugal. Apesar da derrota, a facção laranja do parlamento ganhou mais seis lugares, ficando agora com 48 deputados.

Em termos de crescimento do número de votos, os grandes vencedores das eleições foram os partidos mais pequenos, com o CDS de Paulo Portas a chegar triunfantemente aos dois dígitos, com 10,46% dos votos, passando de 12 a 21 deputados. Também o Bloco de Esquerda assistiu a um grande crescimento, conseguindo 16 deputados, o dobro de em 2005. Os comunistas foram os que menos cresceram, mas mesmo assim conseguiram mais um deputado que em 2005, detendo agora 15.

No país a abstenção diminuiu em cerca de 5%, apesar de mais de metade do eleitorado continuar a não ir votar: 60,54% dos portugueses ficaram em casa no domingo.

Em relação à governação do país, Paulo Portas já veio dizer que o CDS não está disponível para coligar com o PS, no entanto disse que o partido está aberto a entendimentos pontuais que vão ao encontro dos seus objectivos políticos. José Sócrates não descartou a hipótese de tentar acordos com outras forças políticas, no entanto frisou que, antes de mais nada, deverá reunir com todos os partidos com acento parlamentar. Espera-se no entanto que o primeiro-ministro procure chegar a entendimentos mais à esquerda, apesar da relação difícil com Francisco Louçã. As perspectivas de coligações são remotas, e várias vozes já se levantaram para questionar a possibilidade de um governo minoritário conseguir governar Portugal durante quatro anos na situação de crise actual. No entanto, a expectativa recai agora sobre as conclusões que sairão das reuniões entre os líderes partidários e sobre a constituição do futuro Governo.


Equilíbrio entre PS e PSD marca resultados no Faial

Foram apenas 13 votos os que deram a vitória ao PSD sobre o PS na ilha do Faial, nas eleições legislativas do passado domingo, que ficaram marcadas pelo nível de abstenção, que chegou aos 50%, anda assim inferior a 2005, quando 53,8% dos faialenses decidiram não ir votar.

Em relação às últimas legislativas, o PS caiu cerca de 8%, enquanto o PSD assistiu a uma ligeira subida, de menos de um ponto percentual. Também a CDU praticamente manteve a sua votação, verificando-se, sim, subidas consideráveis do CDS e do BE. Os bloquistas foram o terceiro partido mais votado no Faial, conseguindo mais do dobro dos votos de 2005, seguidos dos populares.

Apesar da vitória na ilha, o PSD apenas venceu em quatro freguesias faialenses: Salão, Cedros, Praia do Norte e Matriz.

A nível regional, a vitória foi socialista, com 39,7% dos votos, apesar do partido ter perdido cerca de 10.800 votos nos Açores. O PSD ficou três pontos percentuais abaixo, tendo aumentado a sua votação em relação a 2005. CDU, CDS e BE também cresceram em relação a 2005, tendo esse crescimento sido mais visível no caso dos populares, que cegaram aos dois dígitos, reflectindo a tendência regional.

Nos números da abstenção, esta foi ligeiramente menor que há quatro anos, tendo-se fixado nos 43,9%.

Feitas as contas aos mandatos, PSD elegeu sem surpresas Mota Amaral e Joaquim Ponte, e o PS Ricardo Rodrigues e Luís Fagundes Duarte, como se esperava. Os quatro deputados já eram, de resto, os representantes dos Açores na legislatura que terminou. A expectativa estava entre a eleição do quinto representante açoriano, que representava um duelo entre as faialenses Luísa Santos, pelo PS, e Lídia Bulcão, pelo PSD, sendo que a vitória regional dos socialistas levou à eleição da primeira.


Vitória é “motivação acrescida” para o PSD

Luís Garcia, presidente da Comissão Política do PSD/Faial mostrou-se satisfeito com a vitória do PSD na ilha nestas legislativas, a duas semanas das autárquicas, no entanto frisa que “são actos eleitorais diferentes, e as pessoas cada vez mais sabem fazer a distinção”.

O líder dos social-democratas faialenses lembra ainda que se trata da segunda vitória do partido este ano – recorde-se que o PSD ganhou as eleições europeias de Junho passado no Faial -, o que constitui uma “motivação acrescida” para a corrida à Câmara Municipal da Horta, que será decidida no próximo dia 11 de Outubro, e que o partido encara com um optimismo crescente, em grande parte fundamentado nestes resultados do passado domingo.


Derrota não preocupa PS

O facto do PSD ter vencido no Faial, ainda que por apenas 13 votos, não preocupa os socialistas faialenses. Hélder Silva considera que “cada eleição é uma eleição, e as pessoas sabem para que estão a votar”. O secretário coordenador do PS/Faial mostra-se satisfeito com a vitória de José Sócrates na País e na Região, lembrando que até hoje apenas Cavaco Silva e António Guterres tinham sido reeleitos em Portugal. A descida de votos no PS é, para Hélder Silva, reflexo do desgaste natural sofrido pelo partido e pelo primeiro-ministro.

Em relação às autárquicas, Hélder Silva garante que “o PS está certo de que tem o melhor candidato”, e mostra-se bastante optimista em relação a uma clara vitória de João Castro.


BE lamenta abstenção

Também os bloquistas faialenses se congratularam com os resultados globais do partido, como declara Mário Moniz, que entende que o facto do BE ter dobrado o número de deputados na Assembleia da República é a recompensa pelo trabalho desenvolvido: “é o reflexo do nosso trabalho junto das populações e da justeza da alternativa política que vimos a defender para os Açores, para o País e para a Europa”, refere.

O líder do BE/Faial lamenta os níveis de abstenção, cuja causa entende ser principalmente “o descontentamento e desilusão existentes no seio do Povo Português”. Mário Moniz garante que o partido parte para as autárquicas “com confiança”, acalentado por estes resultados.


CDS-PP satisfeito com crescimento do partido

O CDS-PP afirmou-se nestas eleições como a terceira força política nacional, com um crescimento global, tanto no país como na Região e na ilha. Luís Freitas, representante dos populares no Faial, mostra-se satisfeito com este crescimento. Chamando a atenção para a proximidade a que o CDS teve de eleger um deputado pelo Círculo Eleitoral dos Açores, Luís Freitas entende estes resultados como “um bom indicador”. “Estes números dão-nos força para a campanha”, entende, lembrando que, se a intenção de voto dos faialenses para o dia 11 de Outubro for semelhante ao que sucedeu nas legislativas, o CDS tem claras possibilidades de conseguir representação nos órgãos autárquicos.


CDU espera resultados melhores nas autárquicas

A CDU surgiu nestas eleições legislativas como quinta força política, tanto nos resultados nacionais como no Faial. Luís Bruno, líder dos comunistas faialenses, salienta as “circunstâncias adversas” em que decorreram estas eleições, e por isso se congratula com o aumento de votação dos comunistas a nível nacional. Considera no entanto que “eleições diferentes conduzem a resultados diferentes e no que se refere as eleições para as Autarquias Locais, em que são avaliados candidatos locais conhecidos e programas atentos à realidade do Faial, certamente a CDU obterá um resultado muito positivo, correspondente à sua inserção e apoio no Faial”.

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