sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Faial Filmes Fest 2009 arranca segunda-feira

VENHAM AS CURTAS!

A Festa do Cinema está de volta ao Faial, com a realização do Faial Filmes Fest na Horta, entre os dias 2 e 8 de Novembro. Organizado pelo Cineclube faialense, o festival conta agora com a sua quinta edição, sendo que a cada ano dá passos largos para se afirmar como uma referência não só na Região mas também no País. Luís Pereira, presidente do Cineclube da Horta, está convicto de que em 2010 o Festival pode assumir-se como internacional.



A partir de segunda-feira o Faial respira cinema, com a realização do Festival de curtas-metragens organizado pelo Cineclube da Horta. A apresentação do evento à comunicação social decorreu na passada sexta-feira, no Teatro Faialense. Na ocasião, o presidente do Cineclube organizador salientou o facto do Festival ter crescido em abrangência, tendo aberto a competição ao espaço da Macaronésia. Nesse sentido, estarão presentes não apenas filmes dos Açores e de Portugal Continental, mas também das Canárias, de Cabo Verde e da Madeira.

Luís Pereira congratulou-se com o “número recorde” de filmes recebidos, que ultrapassou a centena. Assim, este ano competem 45 curtas-metragens no Festival, o que obrigou a que passassem a ser três os dias dedicados à competição.

Segundo Luís Pereira, o Cineclube já esperava que o número de filmes a concurso aumentasse, tendo em conta a crescente visibilidade do Festival. Este ano, o concurso foi limitado a produções apenas desde 2007, o que facilitou o processo de selecção, além de que permitiu que o Festival mostrasse apenas filmes mais recentes. Além disso, “a qualidade dos filmes propostos para competição também acabou por facilitar a selecção, uma vez que permitiu estabelecer um grau de exigência mais coerente”, explica Luís Pereira.

Das 45 curtas a concurso no FFF, 15 são açorianas. Dessas, 11 são de realizadores faialenses.


Pesos Pesados do cinema nacional na Horta

Em 2008 o festival ficou marcado pela ante-estreia do filme Blindness, do conceituado realizador brasileiro Fernando Meirelles, que esteve no Faial, bem como pela homenagem ao cineasta português Fernando Lopes. Este ano a fasquia não desce, e o Cineclube decidiu homenagear Paulo Rocha, outra das referências do cinema luso. Assim, na segunda-feira, será exibido o filme Os Verdes Anos, com a presença do realizador. Luís Pereira recorda a importância deste filme no contexto cinematográfico nacional: “Os Verdes Anos marcou o chamado "cinema novo" no nosso país e catapultou o cinema português para o estrangeiro. Passados 46 anos, o país triste que esse filme então retratava tão soberbamente mudou, mas o filme mantém-se novo, tal como o seu realizador, que apesar dos anos continua a filmar com o mesmo espírito interventivo e ousado. Achamos que é uma homenagem que só peca por ser tardia”.

Na terça-feira, dia 3, o Festival terá outro dos seus momentos altos, com a exibição de Um Amor de Perdição, com a presença do realizador, Mário Barroso. Este filme é o representante português na corrida ao Óscar para melhor filme estrangeiro. Barroso é um dos nomes fortes do cinema português da actualidade.

Também os realizadores Rodrigo Areias e Raquel Freire estarão presentes no Festival, sendo que esta última integra o júri.


Cinema e não só

Nem só de cinema vive o FFF 2009. A aliança com a literatura, que já se verificou em 2008, volta a acontecer em 2009, e novamente com Dias de Melo no horizonte. Na abertura do Festival será exibido o documentário Quatro Paredes e o Mundo, de Marc Weymuller, sobre o poeta Dias de Melo. Luís Pereira congratulou-se com esta referência ao escritor picoense, uma vez que este já tinha sido homenageado no Festival em 2008, tendo sido precisamente destacado o facto da sua obra merecer ser filmada.

A Música também marca presença nas noites do FFF. Lula Pena, Megafone5, Nuno Costa e Amigos, Alexandre Delgado, The Wicked Jamaica e Cantigas Açorianas são algumas das sonoridades que prometem animar os serões, após as exibições do Festival. Na música o destaque vai para o concerto de encerramento, no dia 8, no Teatro Faialense, a cargo do The Legendary Tiger Man, projecto sensação da música nacional na actualidade, da responsabilidade de Paulo Furtado.

Quanto aos restantes concertos, dividem-se pelo Bar do Cine Teatro, pela CASA, pela Taberna de Pim, e pelo XF Bar.


Intensificar a formação e a presença nas escolas

No rescaldo da edição de 2008, o Cineclube da Horta deixou claro que em 2009 pretendia intensificar a componente formativa do Festival, bem como a sua presença nas escolas. Nesse sentido, está a decorrer desde 21 de Outubro uma oficina intitulada "Sem Palavras", ministrada por Fausto André (imagem) e Nuno Costa (música). Desta oficina resultará um filme que será musicado ao vivo no Festival, na quarta-feira. Na segunda-feira tem início um atelier-escola, intitulado "Como se Faz um Filme". “Trata-se de um atelier que tem percorrido o país inteiro, há já vários anos, destinado a crianças dos 7 aos 14 anos, ministrado por Henrique Espírito Santo, conceituado produtor nacional. Para este atelier está a ser montado um estúdio de cinema, com material de filmagem, luz e som profissional, onde cada criança terá oportunidade de experimentar os vários "personagens" que intervêm na feitura de um filme - realizador, produtor, actor, argumentista, aderecista, etc. - num cenário que, neste caso, terá como tema a caça à baleia. Esta oficina decorrerá durante toda a semana do Festival e o nosso objectivo é que nela participe o maior número das escolas básica do Faial”, explica Luís Pereira. O Cineclube tem previsto também um programa para o ensino secundário, que decorre entre 2 e 4 de Novembro, com a secção "Ema giciens" da Festa Mundial da Animação, que envolverá todos os alunos da Escola Secundária Manuel de Arriaga.


“É essencial criar legislação para o cinema nos Açores”

O trabalho do Cineclube da Horta na divulgação do Cinema na Região não é tarefa fácil. Para tal contribui o facto da Região não dispor de legislação para a área do cinema. “Essa é, desde logo, uma limitação para os agentes culturais ligados ao meio audiovisual nos Açores. Não havendo legislação específica - e consequentemente um fundo de financiamento para o cinema nos Açores -, este sector fica espartilhado no conjunto de actividades culturais apoiadas pela administração regional, o que muitas vezes gera atropelos e injustiças”, explica Luís Pereira.

As dificuldades do Cineclube não se ficam pelo vazio legislativo. Sendo uma instituição sem fins lucrativos, depende de apoios para pôr de pé o FFF. “Por um lado as entidades oficiais (e mesmo os parceiros privados) têm-se mostrado receptivas ao projecto, por outro lado, os apoios tendem a ficar aquém do necessário e das reais potencialidades do Festival. Este é um aspecto que o Cineclube da Horta terá de rever, necessariamente, para garantir a sustentabilidade e o crescimento deste projecto. Eventualmente, teremos de caminhar para uma solução semi-profissional, mais consentânea com a dimensão do Festival”, explica Luís Pereira.


Preços

O bilhete-pacote para os sete dias do Festival custa 12 euros para os sócios do Cineclube da Horta e 20 euros para os não-sócios. Este bilhete inclui todas as sessões competitivas e especiais, bem como o espectáculo de encerramento.

Quanto aos bilhetes individuais, custarão 2,50 euros para sócios e 3,50 para não-sócios.

O bilhete para o espectáculo de encerramento custará 5 euros para sócios e 7 para não-sócios.

A Sessão Especial com o filme Tebas, com a presença do realizador Rodrigo Areias, que vai decorrer no sábado pelas 16h00 no Auditório da BPARJJG, também será de acesso livre

Quanto aos concertos musicais que sucedem as sessões, em todas as noites do Festival, são de entrada livre e Luís Pereira deixa o convite, não só aos espectadores do Festival, “mas também a todos os faialenses e a todas as pessoas que queiram partilhar esta festa do cinema”.



PROGRAMA

02NOV Segunda-feira

18:30 | CINE TEATRO FAIALENSE

Abertura Oficial

> Exibição do Documentário QUATRO PAREDES E O MUNDO, de Marc Weymuller, sobre o poeta Dias de Melo

21:30 | CINE TEATRO FAIALENSE

Sessão Especial

> Exibição do Documentário DIÁRIO DE UMA ILHA QUE SE TORNOU CINEMA O FFF’08 EM RETROSPECTIVA, de Fausto André

> Exibição do Filme OS VERDES ANOS, de Paulo Rocha, com a presença do realizador

00:00 | BAR CINE TEATRO

> Cantigas Açorianas, com MANUEL COSTA, VICTOR RUI DORES E “CANARINHO”

03NOV Terça-feira

21:30 | CINE TEATRO FAIALENSE

Sessão Especial

> Exibição do Filme UM AMOR DE PERDIÇÃO, de Mário Barroso, com a presença do realizador

00:00 | C.A.S.A. BAR

> Concerto de LULA PENA

04NOV Quarta-feira

21:30 | CINE TEATRO FAIALENSE

Sessão Especial

> Projecção final, com música ao vivo, do projecto SEM PALAVRAS, resultante da Oficina do FFF’09 com o mesmo título, com a presença dos orientadores e formandos

> Exibição do Filme VENENO CURA, de Raquel Freire, com a presença da realizadora

00:00 | TABERNA DE PIM

> Megafone5: Música para uma nova Tradição - HOMENAGEM AO MÚSICO JOÃO AGUARDELA, COM DJ SEPTIMUS

05 NOV Quinta-feira

16:00 | CENTRO BOTÂNICO FAIAL

> Ante-Estreia do Filme GENTE DE FAJÃS, de António Saraiva

21:30 | CINE TEATRO FAIALENSE

> Sessão de Competição I

00:00 | XF BAR

> Jam Session, com NUNO COSTA E AMIGOS

06NOV Sexta-feira

21:30 | CINE TEATRO FAIALENSE

> Sessão de Competição II

00:00 | C.A.S.A. BAR

> Concerto de ALEXANDRE DELGADO

07NOV Sábado

16:00 | BIBLIOTECA PÚBLICA E ARQUIVO REGIONAL JOÃO JOSÉ DA GRAÇA

Sessão Especial

> Exibição do Filme TEBAS, de Rodrigo Areias, com a presença do realizador

21:30 | CINE TEATRO FAIALENSE

> Sessão de Competição III

00:00 | TABERNA DE PIM

> Concerto de WICKED JAMAICA

08NOV Domingo

21:30 | CINE TEATRO FAIALENSE

Sessão de Encerramento

> Entrega de Prémios do FFF’09

> Concerto de Encerramento: THE LEGENDARY TIGER MAN


FOTO: SUSANA GARCIA

Berta Cabral assume derrota nas autárquicas mas pensa no futuro


PSD quer movimento de ideias para preparar legislativas de 2012


Os social-democratas devem tirar lições do ciclo político que agora termina, e começar a preparação para as regionais de 2012. Quem o entende é a líder laranja, Berta Cabral, que esteve na Horta no início da semana, para a primeira reunião da Comissão Política Regional do partido após a derrota nas autárquicas do passado dia 11.

Em conferência de imprensa na manhã de terça-feira, a líder anunciou ainda que o PSD está a preparar “um movimento de participação e de ideias para a afirmação do seu projecto político”, através do Gabinete de Estudos Regional, tarefa que está a cargo do ex-eurodeputado social-democrata Duarte Freitas. Berta Cabral entende que é importante “aproveitar a dinâmica criada nas autárquicas” para gerar um “processo construtivo de debate de ideias”, que será um auxílio poderoso na preparação do programa eleitoral laranja para 2012.

Quanto aos resultados eleitorais das autárquicas, que ditaram a derrota do PSD, Berta Cabral assumiu que o partido “não atingiu os resultados pretendidos”. No entanto, “perder uma batalha não é perder a guerra”, disse, frisando que “cada eleição é uma eleição”.

No passado dia 11 de Outubro deu-se o fechar de um ciclo eleitoral particularmente intenso. Agora, Berta Cabral garante que o PSD “arregaça as mangas para enfrentar e vencer os próximos desafios”.

A postura da líder laranja na última noite eleitoral não agradou a todos os social-democratas, tendo sido levantadas vozes críticas pelo facto de Berta Cabral ter optado por um discurso mais centrado na sua vitória em Ponta Delgada, ao invés de uma análise aos resultados globais no arquipélago, enquanto líder do partido. Agora, cerca de duas semanas depois, a líder vem assumir a derrota e colocar-se do lado de todos os candidatos: “Estou solidária com todos. O esforço que desenvolveram em nome da democracia e ao serviço da sua terra representa uma dinâmica de intervenção que o PSD quer potenciar para o futuro”, entende. Instada a pronunciar-se sobre a possibilidade desta postura de assumpção da derrota chegar com duas semanas de atraso, Berta Cabral entende que o seu discurso de 11 de Outubro esteve à altura da liderança regional do partido, apesar de, dada a proximidade dos acontecimentos, a análise aos resultados não ter sido tão esmiuçada: “na noite eleitoral disse o mesmo que hoje, mas de forma mais sucinta”, esclarece.

Quanto ao facto da sua credibilidade enquanto líder do PSD/Açores poder ter sido abalada por esta derrota eleitoral, Berta Cabral desvaloriza, e remete a decisão para os açorianos nas próximas legislativas regionais, a decorrer daqui a três anos.



Regime Especial de Protecção na Invalidez

PS/Açores entende que lei nacional é inconstitucional


A Lei que tutela o regime especial de protecção na invalidez, aprovada pela Assembleia da República no passado mês de Julho é, para o PS/Açores, inconstitucional, uma vez que revoga um decreto legislativo regional que estabelece as medidas especiais de apoio aos portadores da doença de Machado-Joseph, que tem uma prevalência particularmente elevada na Região.


Em conferência de imprensa na manhã de terça-feira, o líder da bancada parlamentar dos socialistas disse aos jornalistas que a Assembleia da República não ouviu a Assembleia Legislativa dos Açores, como lhe é imposto pela Constituição e pelo Estatuto dos Açores. Para Hélder Silva, tal terá resultado de um “equívoco”, no entanto os socialistas açorianos entenderam por bem pedir ao Tribunal a inconstitucionalidade das alíneas legislativas em causa, uma vez que entendem que a Lei penaliza os doentes açorianos. Essa penalização advém do facto dos doentes da Região passarem a dispor de menos cobertura em caso de invalidez, uma vez que a lei não prevê a atribuição de material clínico de apoio nem a prescrição gratuita de certos medicamentos.

Tendo em conta que o Tribunal Constitucional se caracteriza muitas vezes pela morosidade dos processos, os socialistas açorianos decidiram propor já no plenário realizado esta semana na Assembleia Regional um novo projecto de Decreto Legislativo Regional, semelhante àquele que foi revogado pela nova Lei da República, que deverá entrar em vigor no início de 2010. O novo decreto proposto pelo PS visa assim salvaguardar a protecção dos doentes açorianos, no caso do Tribunal Constitucional não apresentar a sua decisão antes da entrada em vigor da Lei em causa. Para acelerar a aprovação do Decreto Legislativo Regional, Hélder Silva disse ainda que os socialistas pretendiam pedir à Assembleia Regional que vote o pedido de urgência e dispensa de exame em comissão do referido diploma.