A 15 de Agosto de 1924 era fundada a Sociedade Filarmónica Recreio Musical Ribeirinhense, por um grupo de 15 amadores, dos quais se destaca José Furtado Carlos, presidente da primeira Direcção, e Manuel José Berquó Avelar, seu primeiro regente.
De então a esta parte, a Filarmónica da Ribeirinha atravessou tempos de prosperidade, mas também de grandes dificuldades, tendo mesmo encerrado a sua actividade durante algum tempo.
Em 2003, no entanto, voltou à música. Hoje, após completar 85 anos de idade, quer continuar a sua actividade, apesar das dificuldades. Destas, a principal é, sem dúvida, angariar músicos.
Miguel Rodrigues, maestro da Recreio Musical Ribeirinhense desde que esta retomou a sua actividade, recorda esse renascer: “a reabertura da banda deveu-se ao grupo Margens da Ribeirinha, que tinha elementos que faziam parte da filarmónica e acharam por bem tentar dar algum alento para que ela reabrisse. Conseguiu-se uma direcção que aceitou reiniciar as actividades da filarmónica”, lembra.
Ressurgida das cinzas, a filarmónica começou por fazer apenas procissões, até que, passado algum tempo, foi reunindo condições para actuar em concertos, e abraçar toda a actividade normal de uma filarmónica.
Hoje conta com 22 elementos, número que, para o seu maestro, é manifestamente escasso. “Se perdermos dois ou três elementos corremos sérios riscos”, confessa, com alguma apreensão. Miguel reconhece que é muito difícil angariar músicos, principalmente na própria freguesia. “Os ribeirinhenses ainda não olham para a filarmónica como sendo algo de valioso na freguesia”, lamenta, referindo que a banda está a encetar esforços para contrariar essa tendência: “tentamos, aos poucos, sensibilizar as pessoas para Filarmónica”, explica. Nesse sentido, todos os anos a Recreio Musical Ribeirinhense leva a cabo uma escola de música, aberta a todos quantos queiram aprender a arte. São essencialmente os jovens que procuram a escola, no entanto nem sempre têm consciência de que aprender um instrumento significa também algum trabalho árduo, o que leva a que muitos se desmotivem.
Durante o Inverno, quando há menos arraiais e procissões, a filarmónica ensaia duas vezes por semana, sendo que, quando chega a época de maior actividade, os ensaios diminuem.
Contrariamente ao que acontecia há alguns anos, quando as filarmónicas eram extremamente procuradas, agora são elas que vão contactar com as pessoas para angariar músicos, o que nem sempre é fácil.
Miguel Rodrigues lembra que a Filarmónica é também um local de convívio, e é igualmente nessa realidade que se baseia na angariação de novos elementos.
Como acontece com as colectividades desta natureza, os recursos financeiros são sempre escassos. Há cerca de três anos, a Recreio Musical Ribeirinhense vestiu-se de novas fardas, tendo sido necessário para tal recorrer a um subsídio.
Mais caros que as fardas são os próprios instrumentos, no entanto, neste momento, o instrumental da banda é o necessário. Miguel explica que, caso a banda cresça, como é desejável, terão de ser adquiridos novos instrumentos, e de vez em quando é necessário renovar os existentes. Para acções deste tipo, muito dispendiosas, o maestro mostra-se satisfeito por poder contar com o apoio da Junta de Freguesia que ainda recentemente comportou os custos de uma nova trompa.
No ano passado a Filarmónica deslocou-se ao Corvo, no mês de Agosto. Esta foi a sua primeira saída, sendo que, segundo nos explicou Miguel, apenas tinha ido ao Pico, há já muitos anos. Apesar de serem muito gratificantes, estas deslocações são muito dispendiosas, e não se fazem sem apoios. Para além do apoio do INATEL e de alguns privados, a Recreio Musical Ribeirinhense não contou com mais nenhuma ajuda na sua deslocação ao Corvo. Apesar de ter batido à porta da Câmara Municipal da Horta, da Assembleia Legislativa Regional e de várias Secretarias Regionais, foi-lhe negado qualquer apoio por parte dessas instituições.
Miguel Rodrigues lamenta também não haver união entre todas as Filarmónicas, em prol da arte musical. O maestro lamenta que as bandas tentem aliciar músicos de outras filarmónicas, situação com a qual a banda que orienta, pelas suas dificuldades e pelo escasso número de músicos que possui, sofre bastante. Miguel apela para que, ao invés destas divisões, as bandas procurem a unidade, e juntas trabalhem em conjunto para dignificar a arte.
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