Após primeiro ano de funcionamento
Centro de Empresas da Horta com ocupação quase total
O projecto da Adeliaçor, em parceria com a Câmara Municipal da Horta, visa disponibilizar espaços a jovens empresas do Faial, de modo a ajudá-las a desenvolverem-se e consolidarem-se, permitindo a sua posterior integração no mercado com autonomia, e influenciando a criação de novos postos de trabalho.
Um ano depois, fomos saber como está a funcionar este Centro.
8 Situado na zona do Pasteleiro, freguesia das Angústias, o Centro de Empresas da Horta partilha o espaço com o gabinete de desenvolvimento local da Adeliaçor, e com a Melaria do Faial. Funciona como uma incubadora para jovens empresas, que encontram ali um “ninho”onde se podem preparar para mais altos “vôos” no mercado, numa altura em que a conjuntura é madrasta para os jovens empresários.
Oito gabinetes equipados com material de escritório, e um Gabinete de Logística, onde as empresas podem recorrer a serviços de fotocopiadora, encadernação, entre outras coisas, e ainda o acesso à sala de formações do espaço da Adeliaçor, compõem este Centro de Empresas. Durante o primeiro ano de ocupação, as empresas seleccionadas usufruem do espaço a título gratuito, e ficam isentas de pagar água ou electricidade. Um auxílio precioso, e apetecido pelas jovens empresas: dos oito gabinetes disponíveis, sete estão ocupados.
Tendo em conta esta ocupação, Arlene Goulart, coordenadora da Adeliaçor, faz um balanço bastante positivo do primeiro ano de funcionamento.
Segundo a coordenadora, no Centro de Empresas da Horta fixaram-se empresas que actuam em áreas “nas quais havia lacuna no Faial”: duas empresas de base tecnológica na área da biologia marinha, uma empresa de design gráfico, um estúdio de fotografia, uma empresa que faz instalações eléctricas e comunicações, uma empresa de gestão de arquivo, e uma empresa de organização de eventos.
Qualquer empresa recém-formada pode candidatar-se a estes espaços. Para tal, deve dirigir-se à Adeliaçor, onde são encetados os procedimentos necessários: “há um formulário de inscrição que deve ser preenchido, acompanhado de uma série de elementos por nós pedidos, consoante o tipo de empresa. Esse pedido é depois apreciado por um júri, constituído por dois elementos da Adeliaçor, dois elementos da Câmara Municipal da Horta e um da Câmara do Comércio e Indústria da Horta. A decisão final compete à direcção da Adeliaçor”, explica Arlene.
A existência de um primeiro ano a título totalmente gratuito só foi possível, de acordo com a coordenadora, graças ao protocolo estabelecido com o Munícipio, o qual suporta os encargos decorrentes da manutenção do Centro de Empresas.
É celebrado um contrato com as empresas, onde estas se comprometem a permanecer no Centro durante pelo menos dois anos. O objectivo é evitar que apenas usufruam do primeiro ano gratuito, e depois deixem o Centro. No segundo ano, existe já uma renda, calculada consoante a área do gabinete, que, apesar de ser simbólica, já permite à Adeliaçor algum retorno deste investimento, até porque, conforme salienta Arlene, “este é um projecto integrado numa acção que prevê fins lucrativos”.
A renda que os jovens empresários começam a pagar no segundo ano é regulamentada por escalões, que vão aumentando ao longo dos anos. Não está estipulado um período limite para a permanência das empresas no Centro, mas o objectivo é criar condições para que possam gradualmente tornar-se autónomas. Como refere Arlene, é uma forma “de ajudá-las a ter pés para andar e a conseguir alguma autonomia financeira que depois possibilita seguirem o seu caminho”.
Nesta fase, grande parte das empresas que ocupam o Centro e que são muito jovens não funcionam durante o dia, pois os empresários têm outras ocupações, factor que Arlene considera ser o ponto menos positivo do actual cenário: “durante o dia a dinâmica não é a que nós esperávamos”, revela.
De momento, é na área dos serviços que actuam as empresas do Centro. Nas candidaturas iniciais foi dada prioridade às empresas recém-criadas nesta área, bem como a jovens recém-licenciados ou com aptidões técnicas ou formação especializada. No entanto, qualquer jovem empresa pode candidatar-se a este apoio.
O Centro de Empresas apresenta-se também como uma forma de ajudar a contrariar o cenário negro que assombra qualquer actividade económica nos dias de hoje, e que provoca apreensão a quem quer que decida enfrentar o risco de lançar-se num novo projecto empresarial. Falando deste cenário de crise, perguntámos a Arlene se é equacionada pela Adeliaçor a hipótese de uma empresa já com alguns anos, mas que se encontra a passar por dificuldades e não consegue, por exemplo, suportar a renda de um espaço que detenha, poder frequentar o Centro. Segundo a coordenadora, apesar do Centro de destinar a apoiar essencialmente a constituição de novas empresas, “cada caso é um caso”, e uma empresa nessa situação poderia candidatar-se a um espaço, ficando essa candidatura sujeita à apreciação do júri.
Continuar a apoiar os jovens empresários é o objectivo
O facto de sete dos oito espaços disponíveis estarem ocupados deixa a Adeliaçor bastante satisfeita. Não é, no entanto, algo inesperado. Arlene Goulart confessa mesmo que, tendo em conta o que o Centro de Empresas oferece, esperava uma procura superior à oferta. A coordenadora explica que há necessidade de um trabalho de divulgação mais intenso, que a Adeliaçor quer levar a cabo nos próximos tempos: “estamos a preparar um site para o Centro, e vamos fazer algum trabalho de divulgação, para que as empresas saibam que existe aqui esta estrutura e que, apesar de actualmente só termos um espaço disponível, há outras funcionalidades de apoio às empresas que poderemos vir a desenvolver”, diz. O objectivo da Adeliaçor é, precisamente, aumentar o apoio às jovens empresas instaladas no Centro. “Neste momento, cada empresa tem de encarregar-se da sua própria instalação de Internet e telefone. A Adeliaçor gostaria, por exemplo, que fosse possível termos rede wireless, e as empresas não precisarem de ter mais esse custo. Não temos serviço de recepção, e gostaríamos de ter”, revela. Estas ideias não são recentes, já tinham mesmo surgido aquando da delineação do projecto. No entanto, uma vez que este atingiu o máximo de investimento possível a ser elegível pelo LEADER +, programa de inciativa comunitária que financiou o Centro de Empresas, “não havia possibilidade financeira da Adeliaçor suportar mais esses custos”. “Não significa que não o possamos vir a fazer”, salienta Arlene.
O projecto do Centro de Empresas representou um investimento de cerca de 200 mil euros, financiados em 50% pelo LEADER +. A Adeliaçor contou com um apoio do Município no valor de 50 mil euros. A autarquia fez ainda vários tipos de contribuição em espécie, como sejam a disponibilização de materiais, os arranjos exteriores do espaço, etc. Também as Secretarias Regionais da Habitação e Equipamentos e da Agricultura e Florestas contribuiram desta forma para a execução do projecto.
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