sexta-feira, 19 de junho de 2009

António Menezes, presidente do Conselho de Administração do Grupo SATA

Nunca foi tão económico viajar dentro dos Açores e para o exterior”


A SATA encontra-se actualmente numa fase de renovação da frota e da própria imagem da companhia. Conversámos com o presidente do Conselho de Administração do grupo SATA, António Menezes, sobre este período de mudança. As tarifas das viagens aéreas na Região e os recentes cancelamentos dos voos da SATA para a Horta devido às condições atmosféricas foram outros dos temas abordados.


Por que razão a SATA decidiu apostar, neste momento, numa renovação, tanto ao nível das aeronaves como da própria imagem da companhia?
A renovação da frota da SATA Air Açores deriva da descontinuidade das aeronaves ATP e Dornier, pelo que importa assegurar a continuidade do serviço inter-ilhas e promover o crescimento sustentado da mesma, de modo atento às necessidades idiossincráticas de todas as ilhas dos Açores, do Corvo a Santa Maria.
A renovação da frota da SATA Internacional prende-se com a necessidade de minimizarmos os custos operacionais, através de aeronaves que, pelas suas características técnicas e operacionais, se revelam adequadas às rotas operadas, em particular no que respeita a questões de eficiência energética e de manutenção. O novo A320 CS-TKO Diáspora é uma aeronave com claras vantagens técnicas nestes domínios, como se sabe, na operação de rotas de curto-médio curso, como as rotas que ligam os Açores ao Continente e aos diferentes mercados emissores turísticos da Europa servidos pela SATA Internacional.
A renovação da imagem aproveita, de modo económico, a janela de oportunidade concedida pela entrada ao serviço de sete novas aeronaves (dois Bombardier Q200, um Airbus A320 e quatro Bombardier Q400), entre Maio de 2009 e Fevereiro de 2010, para relançar, a custo zero, a imagem actual que, tendo 10 anos de idade, não transmite a modernidade que importa passar para o mercado. A nova imagem é mais moderna e mais Açoriana! A nova imagem aproxima a SATA do passageiro e assume uma vocação Atlântica! Finalmente, e graças aos avanços da química industrial, a nova imagem usa tintas que sendo mais leves e duradoiras trazem economias operacionais (de consumo de combustível e de ciclos de pinturas).

De que forma tem sido a companhia afectada pela crise económica internacional, e o que tem sido feito para combater este cenário?
Temos vários projectos em curso que se destinam quer a aumentar os proveitos quer a diminuir os custos. Sobre os proveitos, de referir a gestão activa do portefólio de rotas operado, bem como a modernização do modelo de distribuição, marketing e vendas, donde se destaca a venda on-line e o novo programa de passageiro frequente SATA Imagine. Sobre os custos, temos tido uma acção transversal em toda a Companhia, catalisada pelo uso de soluções de Information Technology que racionalizam o modo como usamos os nossos recursos.

Que desafios enfrentará a SATA nos próximos tempos?
A SATA está inserida num contexto global e compete com variadíssimas Companhias de todo o Mundo. Assim, teremos todos os desafios inerentes a este difícil sector, da aviação civil, que atravessa tempos assoladores.

Em relação à operação inter-ilhas e entre as ilhas e o continente português, os preços das passagens têm sido por diversas vezes considerados demasiado elevados, por comparação aos preços dos circuitos que ligam, por exemplo, o continente português a outros países da Europa. O que seria necessário para que os açorianos pudessem dispor de preços mais acessíveis?
As tarifas em termos reais têm decrescido imensamente. Nunca foi tão económico viajar dentro dos Açores e para o exterior. Os ultimes meses foram pródigos em novidades. Repare no lançamento de tarifas DISCOUNT, como o SATA DISCOUNT, SATA DISCOUNT MAIS, SATA AZORES DISCOUNT, entre outras iniciativas. Temos hoje uma gama tarifária mais heterogénea, onde abundam tarifas económicas. Repare, sem perca de generalidade, na SATA DISCOUNT: por 60 euros one-way (mais taxas), pode ir ao Continente! É preciso comparar o comparável: considerando a distância percorrida e os serviços incluídos (como pré-seating, refeição a bordo, bagagem de porão, entre outros serviços que, por vezes, são pagos à parte noutras Companhias) a SATA apresenta, hoje, tarifas mais económicas do que nunca. Estas tarifas estão facilmente acessíveis em todos os canais de vendas da SATA.
O que é verdade é que as tarifas estão, em 2009, aos níveis mais baixos de sempre. Claro está que a SATA quer fazer sempre mais e melhor, o que passa também pela racionalização dos custos, para obtenção de economias que possam ser passadas para os açorianos. Felizmente, isto tem vindo a acontecer, não obstante a gravidade da conjuntura que nos assola!


Na sua opinião, que razões impedem a liberalização do transporte aéreo para a região?
Todas as rotas quer para a América do Norte quer para a Europa estão perfeitamente liberalizadas, considerando o Open Skies Agreement e Céu Único, respectivamente. Assim, nestas rotas há plena liberalização e voa quem quer e não voa quem não quer. As únicas rotas que não estão perfeitamente liberalizadas são as rotas domésticas nacionais, entre os Açores e o Continente e a Madeira. Porém, nestas rotas as barreiras à entrada são diminutas. Qualquer Companhia aérea europeia pode voar uma ou mais destas rotas, isoladamente ou em grupo, e receberá um subsídio proporcional ao número de residentes transportado. É um modelo aberto, rota a rota, e a Lei não prevê um número máximo de transportadoras por rota.

Recentemente, a SATA tem cancelado várias ligações entre a Horta e Lisboa, devido às condições atmosféricas. A este respeito várias têm sido as vozes a contestar o facto dos voos serem imediatamente cancelados, sem se aguardar algum tempo pela melhoria do estado do tempo. O que pensa disso?
O Grupo SATA tem como principal driver de actuação a segurança. Neste sentido, se, à hora prevista para a partida de determinado voo, as condições atmosféricas no aeroporto de destino não permitem a operação – aterragem - em segurança, e se não se vislumbra qualquer melhoria nestas condições atmosféricas a razão e a prudência aconselham ao cancelamento do voo. No entanto, deixe-me dizer que, em 2008, o índice de cumprimento do horário programado da SATA Internacional na rota LIS-HOR foi de 95%, ou seja, de 96 voos previstos foram efectuados 91 e cancelados apenas 5 devido às más condições meteorológicas.

Aproxima-se a entrada em vigor do sistema de quotas de emissão de CO2 da UE. Como é que a SATA se está a preparar para esta situação?
O Grupo SATA tem vindo a implementar diversas medidas, não só, no sentido de reduzir a emissão de CO2, mas também, para tornar o grupo mais “leve”, mais económico e, acima de tudo, mais produtivo. Neste sentido, e no decorrer do ano 2008, foi efectuado um estudo, em parceria com a IATA, denominado FEGA “Fuel Efficience Gap Analysis” que permitiu identificar diversas oportunidades de melhoria, com vista à introdução de medidas para reduzir o consumo de combustível e, consequentemente, a emissão de CO2. Entre estas medidas, podemos destacar a limpeza mais frequente dos motores, a lavagem exterior dos aviões, a retirada dos Troleys (carrinhos) referentes aos serviços de vendas a bordo e de distribuição de jornais e revistas. Enfim, medidas que levam à redução do peso a bordo.
Paralelamente, o Grupo SATA deu inicio a um projecto, em parceira com a Microsoft, intitulado “Green IT”. Este projecto visa a adopção de uma série de procedimentos, essencialmente informáticos, que contribuem substancialmente para a redução da pegada ambiental, seja em termos da redução do consumo energético, seja em termos da redução de consumo de papel, seja no maior aproveitamento de todos os consumíveis do grupo, nomeadamente, através da reciclagem.
Assim, é vontade do Grupo SATA, aderir, já em 2010, ao Carbon Offsetting Scheme, da IATA, de modo a que possa proporcionar viagens neutras em matéria de emissão de carbono aos seus passageiros.

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